Foto: André Silva
Barretos, domingo dia 31 de agosto de 2008, 19h43. Poucos minutos separavam um competidor da realização de dois feitos: ser campeão de Barretos e montar na final Mundial da PBR em Las Vegas. Sendo mais preciso com o tempo, oito segundos separavam Barretos de Las Vegas, e só um entre os quinze finalistas conseguiria a dupla façanha. Isso só foi possível porque Barretos este ano em seu rodeio internacional trouxe uma etapa da PBR (Professional Bull Riders) e com a premiação oferecida para o campeão, cerca de 160 mil reais, convertidos em dólares classificaria o campeão de Barretos para final da PBR, uma vez que o critério para montar na final de Las Vegas é a quantia de dólares ganhos no ano.
Começou a final com a locução de Adriano do Vale. O primeiro a se apresentar foi Ivan da Silva de Porto Ferreira, montando o touro Bala de Prata do Paulo Emilio. Usando um capacete preto ele não tinha chances matemáticas de ir a Las Vegas. Bala de prata dá um pulo para a direita, mesmo lado que o competidor segura a corda americana, mas, volta com tudo para o lado contrário e derruba Ivan.
Enéas Barbosa Alves montou All Rock. O touro preto entrou rodando contra a mão de Enéas, que acompanhou, no sexto segundo Enéas abriu a guarda, afastou da corda, mas recuperou e terminou a montaria marcou 85,75 pontos que lhe jogou naquele momento na segunda posição, ou seja, adeus Las Vegas.
Luciano Linares enfrentou o touro Pesadelo do Andre de Mogi. Ao abrir da porteira o touro deu um pequeno tropeço, no segundo pulo entrou acelerado na roda, assim como os gritos do público, ele controlou e levou a montaria até o fim. Infelizmente no tropeço do primeiro pulo Linares afastou um pouco da corda e tomou um “puxão” e sua mão livre tocou no touro, resultando na nota zero.
Jarbas Lopes tinha a missão de enfrentar o touro Praga de Sogra. Usando capacete e colete preto, camisa vermelha pediu para abrir a porteira. O touro deu três pulos e veio na esquerda, no mesmo sentido da mão de apoio de Jarbas, no quinto segundo Jarbas mandou o braço atrasado, e o touro venceu-o no sétimo segundo.
Thiago Paguioto foi em Festa no Festa no Apê. O touro de cor branca e chifres abertos saiu rodando na mão do competidor que usava um capacete preto e marcou 88,25 pontos. Ele ficou naquele momento na segunda posição 0,25 atrás do líder e nada de Las Vegas.
Fabiano Vieira montou Cristo Rei da Cia 3B. O touro veio na mão de Fabiano, pulando explodido, alto, o publico subiu junto com o touro, 84 pontos, que o jogou na terceira posição e bem longe de Las Vegas.
A locução agora é de Almir Cambra. Roberlei Luciano Val montou o touro Samurai, ao abrir a porteira ele entrou rodando para a esquerda rodando um pouco aberto marcando 80,75 pontos sem ameaçar a liderança.
Chegou a vez de Silvano Alves montar Fera Goiana do André de Mogi. Abriu a porteira e touro deu um, dois, três pulos altos e pranchados, torcidos, nesse momento a arquibancada levantou, no quinto segundo e touro entra rodando acelerado para a esquerda, um show de montaria que resultou em 86,75 pontos. Silvano sobe dez posições, fica naquele exato momento na segunda posição 0,25 pontos atrás do líder e sem chances de ir aos States.
A experiência de Romildo Monteiro entra em cena para montar Thorck do Neto Oger. A montaria agora é no brete dos fundos, bretes novos, e todo mundo correndo para lá. Todos posicionados abre a porteira, e com ela o touro de um pulo, entrou para direita, uma rodada saiu da roda, mais um pulo entrou pra esquerda e Romildo firme, nesse momento touro desistiu de rodar e tenta quebrar paleta, mudar de direção para vencer Romildo que termina os oito segundos marcando 85,25 pontos. Fica a 1,25 pontos do líder e sem Las Vegas.
Enquanto Alyson Saldanha se prepara para montar Guedes da Cia São José, todos retornam para o brete da frente. Usando um chapéu preto, nas costas o número vinte, por cima de seu colete preto e sua camisa laranja. Já no primeiro pulo o touro veio na mão de Saldanha. E foi rodando como um hélice em direção ao centro da arena. Ao descer do touro ele vê que tira 88,50 pontos assume a liderança e sente o brilho de Las Vegas.
Rafael Vilella entra para narrar o ultimo bloco de montarias. Elton Cide montou o Calibre do Dr. Eraldo. Todos observam Cide se aprontar para a montaria. Em seu colete uma cruz de São Bento, sinal de fé. Em seu colete preto um adesivo da PBR mostra aonde ele quer chegar. Com sua luva bege aperta a corda, arranca o protetor bucal do bolso do colete, faz cara de serio, concentrado, pede a porteira. O touro dá dois pulos e entra para na mão de Cide, que faz todos os movimentos corretos para se manter em cima do touro, no sétimo segundo dá uma esporeada para mostrar seu domínio. Nota: 88,25 e por 0,25 pontos ultrapassa Saldanha e assume a liderança e claro, em seus olhos o brilho de Las Vegas tomava conta.
Chegou a vez no fenômeno Edvaldo Ferreira montar Oba Oba do Silmar. Usando Colete, calça de couro e capacete preto, luva amarela. Em seu colete um adesivo da Built Ford Tough Series (Primeira divisão da PBR) e com certeza é lá que ele pretende chegar. Sua cabeça balança em sinal de negativo, e faz sinal que não dá para soltar o touro. Agora sim tudo pronto, abre a porteira e o touro araçá sai para direita rodando a mil por hora, no sexto segundo Edevaldo chega a deitar para trás para alcançar o touro e vai com tudo para cima do touro que lhe dá 90,50 pontos e a liderança.
Julio Cesar montou no Atrevido do Andre de Mogi. Mais uma vez todo mundo correndo para os bretes do fundo. Vem Julio Cesar e atrevido dá dois pulos e entra pra direita e voltando no mesmo instante, essa mudança de direção faz com que a mão de Julio estique e ele perca a montaria no quarto segundo.
O Canadense Rob Bell montou Silverado que deu dois pulos e entrou rodando para a direita, e Rob veio babando esporeando arriscando tudo, afinal não é todo dia que se tem uma vaga para Las Vegas e com 90 pontos toma a liderança de Edvaldo e a vaga seria dele se o último competidor falhasse.
Mais correria, todos de volta ao brete da frente. Chegou a vez de Leonil Soares de Colorado no estado do Paraná mudar de uma vez por todas sua historia dentro do rodeio Mundial. A situação de “Nil”, como é conhecido entre os competidores, era a seguinte: ele estava invicto, não havia caído de nenhum touro. Ele tinha uma parada a mais que os outros competidores, em resumo só dependia dele, se ficasse os oito segundos a vaga para Las Vegas e o titulo de Barretos seria dele senão, ficaria com o Canadense. O touro a ser montado era Brasileiro da Cia Livramento do Mauro Brosco, aliás, o nome do touro não poderia ser mais propício. Quando o público “brasileiro” percebeu que o título poderia ficar com um canadense, foram levantando um a um nas arquibancadas: ninguém pediu isso.
Sendo assim o paranaense usando um protetor facial (mascara) pediu a solta, concentrado, atento, o touro branco deu um, dois pulos, entrou rodando para e esquerda, no mesmo sentido (lado) da mão de apoio de “Nil”. O buraco de rodeio mais famoso do mundo quase foi mais abaixo do que já é, tenho certeza que essa energia chegou a cada parte do seu corpo (mão de apoio, mão livre, pernas, etc.), ele termina a montaria desce do touro, os salva-vidas Dinho e Dici levam o touro para longe dele. A imprensa invade a arena, dezenas de fotógrafos e repórteres todos querendo uma palavra do tímido “Nil”. Cacá dá uma bandeira do Brasil para ele usar em Las Vegas. Impossível alguém ouvir uma única palavra, os segurança adentram a arena para conduzir ele para premiação no palco.
Acaba a premiação, mais assédio, o amigo paranaense e já campeão de Barretos Fabiano Vieira interfere e segura “Nil” pela mão diz: ela agora vai “destrajar” (tirar a roupa de montaria, calça de couro, colete, luva. Etc.) todos esperam e na seqüência o conduzem para coletiva de imprensa. Em apenas oitos segundo Leonil Soares foi da capital brasileira de rodeio para a capital mundial do rodeio. De Barretos a Las Vegas em oitos segundos. Parabéns “Nil”.
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